Vendedor é encontrado morto na Ponte da Aldeia; suspeita é presa em Realeza
MANHUAÇU (MG) – Chegou ao fim na manhã de domingo, 11/12, o mistério do desaparecimento do vendedor Geraldo Majela de Souza, 53 anos. Após o corpo ter sido encontrado numa casa na Ponte da Aldeia, investigações levaram uma equipe da Polícia Civil até um hotel em Realeza, onde a suspeita do homicídio Natália Hellen Pereira, 22 anos, estava escondida. A defesa da jovem sustenta que ela matou em legítima defesa, por conta de ameaças e pressão de uma dívida de dois mil reais com o vendedor.
Nas redes sociais, familiares fizeram uma grande mobilização em busca de notícias de Geraldo Majela. Bastante conhecido em Manhuaçu, o vendedor saiu de casa em sua picape na sexta-feira e não deu mais notícias.
CORPO NA PONTE DA ALDEIA
Por volta de 7 horas da manhã deste domingo, o sumiço começou a ser desvendado. Infelizmente, Geraldo foi encontrado morto.
Segundo a Polícia Militar, um morador da rua Esperança contou que, no final da madrugada, foi até a garagem, pois estava preocupado com o nível do rio Manhuaçu – que poderia atingir seu carro.
Estranhou que a garagem estava aberta. Deparou com a vizinha Natália Helen no local. Ela pediu ajuda para jogar um objeto no rio. O vizinho percebeu que o lençol estava sujo de sangue e se recusou a ajuda-la, ligando para a polícia.
Os policiais encontraram o corpo caído no piso da cozinha, amarrado em um lençol. A perícia foi acionada. O sofá, próximo ao corpo, estava com as almofadas molhadas. Segundo o registro da PM, o perito indicou que havia sido limpo recentemente a fim de tirar o sangue ali derramado.
A PRISÃO DA SUSPEITA
A partir da localização do corpo de Geraldo na casa da jovem, começava o segundo mistério: Onde estava Natália?
Por volta de 13 horas, uma equipe da Polícia Civil conseguiu encontra-la num quarto de hotel em Realeza. “Fizemos levantamentos em hotéis e na casa de amigos dela. A partir da informação de que poderia estar em Realeza, uma equipe foi até o local. Inicialmente, na lista de hóspedes, não havia ninguém chamada Natália. Verificamos que houve uma pessoa que se hospedou como Naiara. A equipe foi até o quarto e confirmou que era a jovem procurada”, detalhou o Delegado da Polícia Civil, Dr. Felipe de Ornelas Caldas.
O delegado não adiantou detalhes da dinâmica do homicídio e nem a motivação, mas ficou claro que houve uma proposta de manterem relação sexual, o que teria sido o estopim do crime. No momento da prisão, ela teria confessado que matou Geraldo colocando veneno de rato na cerveja e depois o asfixiando com um travesseiro.
Na casa dela, os policiais recolheram um vasilhame de cerveja, um travesseiro, uma sacola com veneno para rato, 315 reais em dinheiro e uma folha de cheque no valor de dois mil reais.
S10 NO ESPÍRITO SANTO
A picape S10 foi levada por Natália para Vila Velha (ES), na região da grande Vitória. A passagem que utilizou para retornar na noite de sábado para Manhuaçu também foi apreendida. O celular de Geraldo também estava com a jovem.
O carro foi apreendido no final da tarde de domingo, por uma equipe da Polícia Civil, que foi até o Espírito Santo com a jovem para que mostrasse o local em que deixou o carro.
O Delegado Felipe de Ornelas informou ao Portal Caparaó que em dez dias o inquérito será concluído com o detalhamento das investigações.
DEFESA DE NATÁLIA
Segundo o advogado de defesa de Natália, Glauco Murad Macedo, apesar de ter iniciado seu depoimento sustentando uma versão pouco crível, ao fim do mesmo, ela sentiu que deveria expor os fatos conforme realmente aconteceram dizendo: “que nesse momento decide falar a real motivação: que a proposta imoral de Majela foi apenas o motivo final, mas que antes disso Majela estava pressionando a declarante falando que ia lhe matar, que ia mandar dar um coro na declarante se não pagasse o valor de R$ 2.000,00 de um cheque que ele havia trocado para ela; que o cheque não tinha fundos e que Majela estava lhe cobrando; que Majela inclusive chegou a lhe mostrar uma arma de fogo em forma de ameaça em data anterior; que Majela sempre telefonava cobrando o dinheiro; que Majela disse que era para ela lhe pagar os R$ 2.000,00 reais e que já sabia o nome dos seus pais e onde moravam; que insinuou que poderia fazer mal a eles; que então no dia dos fatos, a proposta indecorosa foi o estopim para tomar a atitude que tomou”, contou a jovem em depoimento colhido na Delegacia de Polícia Civil de Manhuaçu.
Ainda de acordo com a defesa, Natália havia contraído uma dívida com a vítima e esta vinha realizando intensa pressão nela a fim de receber o que lhe havia emprestado.
“Natália foi recentemente demitida de seu emprego e não recebeu seus direitos rescisórios junto ao seu antigo empregador, ensejando, inclusive, a propositura de uma ação trabalhista em trâmite na Vara do Trabalho de Manhuaçu. O desespero de Natália era tamanho que estava tentando, a todo custo, celebrar um acordo extrajudicial com seu antigo empregador, justamente para realizar o pagamento da dívida contraída junto à vítima”, completou.
A defesa sustenta que Natália matou por medo, desespero, o que enquadra sua conduta na excludente de ilicitude insculpida no artigo 25 do Código Penal Brasileiro, ou seja, agiu em legítima defesa.
Portal Caparaó
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