UFMG inicia testes em humanos da primeira vacina brasileira contra Covid nesta sexta
Os testes da primeira vacina contra o novo coronavírus 100% brasileira começam, nesta sexta-feira (25). Chamada de Spin-Tec, o imunizante foi desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sendo financiado por instituições públicas brasileiras.
Os testes em humanos foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no começo de outubro. Foram feitos testes em animais que mostraram que a vacina não gera efeitos colaterais.
O objetivo dos ensaios clínicos é obter evidências quanto à eficácia e à segurança do imunizante, além de descobrir eventuais reações adversas.
Voluntários
São necessários 72 voluntários para a primeira fase, e 360 para a sequência.
A UFMG procura pessoas para participar das fases 1 e 2 dos testes clínicos. Os interessados devem ter entre 18 e 45 anos, ter recebido as duas doses iniciais de CoronaVac ou AstraZeneca e uma ou duas doses de reforço com Pfizer (há pelo menos 9 meses) ou AstraZeneca (há pelo menos 6 meses) e residir em Belo Horizonte durante os 12 meses de estudo. Mulheres não podem estar grávidas ou amamentando.
Contra as variantes
A SpiN-TEC faz a associação de duas proteínas: S e N, o que confere ao imunizante um diferencial em relação aos demais, que contemplam apenas a proteína S, associada à maioria das mutações do vírus e à eficiência dos anticorpos neutralizantes. Já a proteína N é menos sujeita às mutações que geram novas variantes.
Dessa forma, segundo a Fiocruz, a SpiN-TEC poderá oferecer proteção contra novas variantes da Covid-19. É uma vacina que atua na produção de anticorpos e também no nível celular, induzindo resposta de linfócitos T, células do sistema imunológico que atuam na resposta antiviral.
De acordo com Ricardo Gazzinelli, coordenador do estudo do imunizante no CTVacinas da UFMG, a ideia é que funcione como dose de reforço, uma vez que a maior parte da população já recebeu outras vacinas. “Nosso pedido à Anvisa é para testarmos a capacidade de resposta em relação a esse reforço contra a Covid-19”, explicou o pesquisador.
Gazzinelli destacou ainda que, na fase pré-clínica, “não foi observado nenhum efeito colateral no local da aplicação ou alterações sistêmicas, como perda de peso ou mudança de temperatura. Além disso, foram verificados excelentes níveis de anticorpos, resposta de linfócitos T e proteção contra a infecção com SARS-CoV2 (novo coronavírus) nos animais de laboratório”.