Trisal de mulheres conta experiência e dificuldades de aceitação
Provavelmente você já ouviu falar sobre relacionamentos abertos e a prática da não monogamia. Mas sabe qual a diferença entre poliamor e relações livres? Ou se um trisal é considerado uma relação aberta ou fechada? Para esclarecer possíveis dúvidas sobre as diferentes dinâmicas de envolvimentos afetivos, conversamos com a jornalista Teca Curio, que faz parte e gera conteúdo para o coletivo Amar e Permanecer Livre – Relações Livres.
Em primeiro lugar, Teca explica que a não monogamia vai muito além de definições de relacionamentos. Quem defende a prática também busca a quebra de diversas estruturas, como, por exemplo, o machismo.
— As pessoas focam muito em relacionamentos. “Ah, eu namoro duas pessoas, sou não monogâmico”. Não necessariamente — pontua. — A não monogamia não é focada nas múltiplas relações, mas sim no rompimento com as normas monogâmicas.
Relacionamento aberto
É como um “estágio inicial” da não monogamia. Existe um casal principal, mas as duas partes podem se envolver com outras pessoas. Os limites destes envolvimentos são acordados e diferem de casal para casal. Conforme explica Teca, é neste momento que se inicia a desconstrução de algumas normas monogâmicas como posse, ciúmes, sentimento de exclusividade e o “mito do amor romântico”.
Dentro da não monogamia existe um certo “preconceito” com os relacionamentos abertos, diz a jornalista. Primeiro porque existem muitos monogâmicos que se apropriam do termo para ter relações casuais sem compromisso, apagando o sentido do conceito. E segundo porque ainda não rompe totalmente com a dinâmica proposta pela monogamia.
Trisal (ou poliamor)
Um trisal é um relacionamento não monogâmico entre três pessoas. Formatos como este, em que mais de duas pessoas fazem parte de uma relação central, estão dentro do aspecto do poliamor. Estes acordos podem ser fechados (só se relacionam entre eles) ou abertos.
— Não existe a quebra de toda a norma. Alguns poli são fiéis entre eles. Outros já quebram a norma em sua totalidade — explica Teca, que reforça que existe uma série de ramificações dentro destes formatos. Podem ser em quatro, cinco…
Relação livre
É o formato “mais aberto e dinâmico” que existe. Para explicar, Teca compara: de um lado, está a monogamia, em que há exclusividade total com o parceiro. No outro extremo, há a relação livre, em que não existem regras nem centralidade entre as relações. As pessoas podem se relacionar afetiva ou sexualmente com quem quiserem, com respeito e responsabilidade afetiva, frisa a jornalista.
— Não há regras, e sim acordos de convivência. Mas nada de “pode” e “não pode”. Cada um é livre para fazer suas escolhas, não existe uma hierarquia de relações, as pessoas estão todas no mesmo nível. Se me relaciono com alguém há anos ou há seis meses, não importa, são iguais. No trisal, por exemplo, ainda existe um centro. Na relação livre, não. E não posso interferir na relação dos meus companheiros com os outros — resume.
Dificilmente quem está em uma relação livre atualmente não teve, primeiro, um relacionamento aberto.
— Não tem como a pessoa sair da monogamia e ir direto para a relação livre, é uma quebra de conceitos que a gente aprende desde criança — afirma Teca.
* Produção: Luísa Tessuto