Terra do queijo artesanal, Serra da Canastra vai ganhar marca especial de café
Conhecida por ser uma das principais regiões produtoras de queijo minas artesanal, a Serra da Canastra, na cabeceira do rio São Francisco, no Oeste e Sul do Estado, passará a ser também a “terra do café”. A Associação dos Cafeicultores da Canastra (Acanastra) e o Sebrae Minas lançam, na próxima segunda-feira (27), em Piumhi, a marca Café da Canastra, como forma de fortalecer os produtores e a identidade do território cafeeiro.
A produção de café na região da Canastra produz anualmente cerca de 750 mil sacas de 60 kg de café, em mais de 1,1 mil propriedades, em um total de 33 mil hectares de área plantada. São 10 municípios aptos para a produção sustentável de cafés especiais: Bambuí, Capitólio, Delfinópolis, Doresópolis, Medeiros, Pimenta, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita.
Em 2022, o Sebrae Minas e a Acanastra (que tem 35 associados) deram início ao trabalho de branding do café produzido nessa região do cerrado mineiro. Para isso, foi realizado um diagnóstico que identificou as características regionais e as diferenciações do produto, que resultaram na criação da marca território Café da Canastra. “Essa estratégia expressa e comunica o propósito, valores, identidade, tradições e o posicionamento da região no mercado. Mais do que isso, serve para mostrar que não se trata de um simples café, mas de um produto com origem determinada e controlada, gerando valor para o território, produtores, compradores e consumidores”, explicou Marcelo Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.
Após o lançamento da próxima segunda, a marca território Café da Canastra será incluída, gradativamente, nas embalagens dos produtos, assim como em materiais promocionais da região. O próximo passo será a elaboração de um plano de ação com o objetivo de regulamentar, proteger, controlar e promover a marca território.
Para o presidente da Acanastra, José Carlos Bacili, o trabalho de reposicionamento do café da região vai elevar o patamar da atuação dos cafeicultores locais no mercado: “Estamos na Serra da Canastra, na nascente do rio São Francisco, o que favorece o cultivo do produto. Ao longo dos anos, criamos um jeito único de produzir café, integrado com a valorização do ambiente e da nossa cultura. Nossas plantações são irrigadas a ‘céu aberto’ e buscamos novas tecnologias para conseguir um café diferenciado”.
Valorização da origem
A Serra da Canastra se junta a outras seis regiões do Estado beneficiadas com o trabalho do Sebrae Minas em relação ao desenvolvimento local da cafeicultura: Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Chapada de Minas e a Região Vulcânica – sendo as três primeiras com Indicação Geográfica (IG).
O Café da Canastra difere de outras regiões de Minas por possuir características climáticas e geográficas que influenciam na qualidade do produto, além de métodos de cultivo e colheita utilizados pelos produtores locais. Em geral, os cafés da região apresentam aroma e sabor de mel, frutas amarelas, tropicais e cítricas e chocolate ao leite com nuances de castanha, limão-cravo e laranja. Possui doçura alta com notas de açúcar mascavo e cana de açúcar em equilíbrio com a acidez elevada e predominantemente cítrica. O corpo é denso, cremoso e sedoso com finalização longa e doce.
Devido a essas caraterísticas únicas, que em 2022, a Acanastra, com apoio do Sebrae Minas, deu entrada ao pedido de registro de IG, na modalidade Denominação de Origem (DO), no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Vale lembrar que as IGs são instrumentos legais que asseguram a exclusividade no uso do nome geográfico do produto do território, sob a gestão de uma entidade representativa dos produtores. A opção pela modalidade de DO garante que o nome do território ou localidade do produto possui qualidades e características exclusivas ou essencialmente ligadas ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.