Plataforma faz pesquisa sobre fetiches mais comuns em 2024; veja quais

No apagar das luzes de 2024, o Bumble, uma plataforma de relacionamentos em que a prerrogativa de puxar a conversa é das mulheres, divulgou uma nova pesquisa investigando quais seriam os fetiches mais populares entre seus usuários. O resultado, porém, mais que mostrar um ranking de fetiches, propriamente ditos, apresenta um mosaico de desejos que parecem ter ênfase em momentos prolongados de intimidade, de preferência, integrados a atividades do dia a dia.

Ouvindo cerca de quatro mil pessoas, muitas das respostas não apontavam para um objeto de interesse específico, mas para contextos mais amplos. Na lista, por exemplo, o desejo mais frequente foi o de continuar o sexo após o orgasmo, contrariando, em certa medida, a ideia de que o objetivo da relação sexual é atingir o ápice do prazer.

Na prática, o psicólogo e sexólogo Rodrigo Torres detalha que, depois do orgasmo do homem, no caso de vir acompanhado de uma ejaculação, o efeito fisiológico é a perda da ereção e a entrada no período refratário, que ocorre após a resolução da resposta sexual.

“Nesse período, não é possível voltar a ter uma nova ereção, a não ser após alguns minutos. E esse intervalo vai variar de pessoa para pessoa, sendo que, geralmente, quanto mais jovens somos, menor será esse período”, situa. Daí a ideia de que, após a ejaculação masculina, não há mais nada a fazer, apenas relaxar ou fazer uma pausa até o próximo “round”.

Mas essa lógica pode, sim, ser superada. “Mesmo se houver a perda da ereção, pode-se continuar o sexo sem penetração, como o sexo oral, a masturbação, etc.”, sinaliza, inteirando que, no caso das mulheres, o período refratário é inexistente ou muito pequeno, de forma que após ter um orgasmo, se continuar sendo estimulada, ela poderá ter outros sequencialmente, sem intervalo.

Logo, pondera Torres, o desejo de continuar a transa após o orgasmo representa, no caso deles, uma ruptura com essa noção de que o sexo acaba após a perda da ereção, mas, no caso delas, não tem necessariamente esse mesmo significado – ainda que a gramática sexo, por razões históricas, culturais e sociais, siga uma cartilha masculina.

Outros desejos

A lista de práticas mais desejadas pelos usuários do aplicativo segue com o desejo de fazer sexo na sacada do apartamento. Na avaliação do sexólogo Rodrigo Torres, a fantasia pode estar ligada à questão do exibicionismo. “Muita gente tem tesão nessa situação de perigo, de risco de ser pego”, comenta.

Não por acaso, especialistas ouvidos em uma reportagem do Interessa, publicada em novembro, sugeriram que, assim como de médico e de louco, “de exibicionista (aquele que tem desejo de ser visto) e voyeurista (o que tem desejo de observar) quase todo mundo tem um pouco”.

Fechando o pódio, o bronze ficou com a combinação de momentos íntimos e atividades de lazer, como jogar videogame. Na sequência aparece uma fantasia relativamente popular: acordar com sexo oral servido no lugar do “bom dia”. Em último lugar no top 5, mais uma prática pouco conhecida: malhar nus e juntos antes da transa, fazendo, do treino, uma suada preliminar.

“Essa história de transar enquanto joga videogame é uma coisa que eu nunca tinha ouvido falar. É uma tara pouco conhecida”, reconhece Torres. “Agora, o desejo de malhar nus e juntos acho que tem a ver até com o universo da pornografia. Existem pornôs em que as pessoas transam na academia, fazem sexo malhando…”, avalia.

Recorte geracional

Quando considera um recorte de gênero, o ranking da Bumble indica que a geração Z (nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e o começo dos anos 2010) demonstra menos interesse por brinquedos sexuais. Entre as pessoas entrevistadas pela plataforma, menos da metade (43%) se disse aberta a usá-los. Já entre pessoas da geração X (nascidos entre 1965 e 1981), a adesão é maior, com 54% dizendo que já inclui os toys no sexo.

“Acho que as pessoas da geração Z talvez respondam assim hoje, mas, com o tempo, consigam quebrar mitos nas suas cabeças para, então, começar a usar os brinquedos sexuais. As outras gerações também precisaram passar por isso”, sugere Rodrigo Torres.

Outro tópico abordado na consulta foram as atividades sexuais preferidas. Na relação de respostas, o carinho apareceu em primeiro lugar. Além disso, os entrevistados das gerações mais jovens também citaram situações relaxantes, como dias de spa em casa.

Para o sexólogo, porém, as respostas não podem ser vistas como sinal inequívoco de um desejo por transas mais calmas e dóceis. “Eu acho que a intensidade do sexo, se vai ser mais dócil, mais calmo, mais selvagem, mais violento, varia de dia para dia, de pessoa para pessoa, de momento para momento”, opina. “E creio que tem muito a ver com a educação sexual também, com a forma como somos apresentados ao sexo, lembrando, por exemplo, que as mulheres tendem a ter uma visão, socialmente construída, mais romantizada da sexualidade”, complementa.

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