Minas não bate meta de vacinação em nenhuma das doses principais para crianças
A vacinação de crianças em Minas Gerais está abaixo do necessário. O Estado deixou de atingir a meta de cobertura vacinal das principais doses para o público infantil até 4 anos de idade. Conforme dados nesta sexta-feira (4 de agosto) pela Secretaria de Estado de Saúde, todos os 18 imunizantes destinados a crianças de 0 a 4 anos estão com aplicação abaixo de 90% do público-alvo, percentual preconizado como ideal para manter a população protegida. Entre os quadros mais críticos, está o da dose contra a poliomielite, doença que leva à paralisia infantil. Entre as crianças com 4 anos de idade, apenas 69% estão imunizadas contra a doença.
A baixa cobertura vacinal no Estado forçou o governo a pensar estratégias para melhorar os indicadores em Minas. Entre as doses destinadas a crianças com menos de um ano de idade, duas foram aplicadas em menos de 80% do público necessário. Outras seis estão abaixo de 90%. A vacina contra o rotavírus humano, agente que provoca doenças diarreicas agudas, é a que está com aplicação mais defasada: 79,9%.
Das oito vacinas para crianças com um ano de idade, quatro aparecem com cobertura abaixo de 80% da meta, enquanto três foram aplicadas em menos de 70% do público-alvo. E uma delas, a tríplice viral D2, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, está com apenas 68% de cobertura, sendo a vacina com menor porcentagem de aplicação nesse público.
A situação é mais preocupante em relação às crianças de 4 anos de idade. Os dois imunizantes destinados a esse público – um deles a vacina contra poliomielite – estão com cobertura abaixo de 70%. A dose com aplicação mais longe da meta é a DTP, que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche, mas foi aplicada em apenas 69% do público-alvo, sendo o imunizante com menor taxa de aplicação entre todos os destinados para crianças de 0 a 4 anos.
O infectologista Unaí Tupinambás classifica a situação como “extremamente grave”. Ele cita a letalidade das doenças como fator preocupante, ainda mais considerando que as enfermidades vão atingir crianças de 0 a 4 anos.
“São doenças graves, principalmente meningite, que se não mata, pode deixar sequelas. E o rotavírus, que causa doença diarreica”, alerta Unaí. O infectologista atribui a baixa vacinação ao negacionismo e à pandemia. Mas ressalta também que mais campanhas de vacinação poderiam ter sido feitas.
“A gente não via muitas campanhas, incentivos, uma coisa mais incisiva. Poderia melhorar”, argumenta Unaí, que ressalta a importância da melhora nos índices de vacinação para evitar a volta de doenças que já foram erradicadas, como o sarampo. “A gente ficou livre das doenças por conta da vacinação. Se a gente não vacinar, elas vão voltar”, adverte.
Às 17h02 desta sexta-feira (4 de agosto), a reportagem solicitou um posicionamento da Secretaria de Estado de Saúde sobre os questionamentos às campanhas de vacinação. Assim que receber retorno, esta matéria será atualizada.
Veja abaixo a lista completa da cobertura vacinal de crianças de 0 a 4 anos em Minas em 2023
Crianças com menos de 1 ano
BCG – 89,88%
Rotavírus Humano – 79,96%
Hepatite B – 84,79%
Menigocóccica Conj.C – 79,97%
Pentavalente – 84,97%
Poliomielite – 85,15%
Pneumocóccica – 81,15%
FA – 88,57%
Crianças de 1 ano
DTP – 77,65%
Poliomielite – 78,01%
Meningocócica Conj.C – 76,75%
Pneumocóccica – 82,79%
Tríplice Viral D1 – 86,85
Tríplice Viral D2 – 68,06%
Hepatite – 86,21%
Varicela – 84,48%
Crianças de 4 anos
DTP – 69,03%
Poliomielite – 69,12%