Governo Trump altera gênero de Erika Hilton para masculino em visto norte-americano

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A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) foi identificada no gênero masculino visto emitido pelos Estados Unidos. Ela usaria o documento para fazer palestras nas universidades de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusett, o MIT. A parlamentar cancelou a viagem oficial.

Erika Hilton iria palestrar no painel Diversidade e Democracia ao lado de outras autoridades brasileiras durante o Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, em 12 de abril.

A participação de Erika no evento realizado em Cambridge foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados brasileira, como missão oficial da parlamentar nos EUA.

Para essas finalidades, a Câmara pede o visto de seus representantes diretamente à embaixada do país a ser visitado. Mas a assessoria da parlamentar disse que, desde o início, o governo Trump impôs barreira.

Em um determinado momento, a equipe da deputada teria sido orientada, por telefone, a pedir um visto de turista. Após a Câmara reforçar que se tratava de viagem oficial, foi concedido o visto com o gênero masculino.

Erika é uma das duas primeiras parlamentares trans da Câmara dos Deputados – a outra é Duda Salabert (PDT-MG); ambas foram eleitas para primeiro mandato em 2022.

Trump ordenou extinção de passaportes com gênero “X”

A alteração do gênero no visto da deputada é vista como parte da política de Donald Trump contra minorias.

Os EUA suspenderam em 25 de janeiro a emissão de passaportes com gênero “X” para pessoas que se identificam como não binárias. O decreto foi assinado cinco após a posse de Trump.

Desde então, o governo dos EUA também baniu dos seus sites termos como “gay”, “lésbica”, “transgênero” e “LGBTQ”. Ainda proibiu pessoas trans em diferentes atividades.

Em 2023, antes da atual gestão de Trump, Erika obteve um visto norte-maericano para viagem oficial, mas com a informação de acordo com sua autodeterminação de gênero como mulher. Com duração de dois anos, porém, o documento expirou antes do evento deste mês.

Erika Hilton disse ter acionado o Itamaraty. Prometeu denunciar o governo norte-americano na Organização das Nações Unidas ONU) por transfobia.

“É muito grave o que os Estados Unidos tem feito com as pessoas trans que vivem naquele país e quem lá ingressa. É uma política higienista e desumana que além de atingir as pessoas trans também desrespeitam a soberania do governo brasileiro em emitir documentos que devem ser respeitados pela comunidade internacional”, afirmou a deputada em note

“É uma expressão escancarada, perversa, cruel, do que é a transfobia de Estado praticada pelo governo americano. Quando praticada nos Estados Unidos, ainda pede uma resposta das autoridades e do Poder Judiciário americano. Mas quando invade um outro país, pede também uma resposta diplomática, uma resposta do Itamaraty”, completou.

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