Em um ano, Minas tem mais jovens assassinados que São Paulo
Minas teve mais moradores de 15 a 29 anos assassinados em 2022 do que São Paulo, estado vizinho que carrega a fama de ser um dos mais violentos do país. Dados do Atlas da Violência 2024 mostra que 1.224 mineiros nessa faixa etária foram vítimas de homicídio naquele ano, média de 102 por mês. No território paulista foram 1.095, apesar de a população de lá ser duas vezes maior. No topo do ranking de vidas precocemente roubadas está a Bahia, com 4.030 registros.
Assinado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o levantamento mostra que em uma década (2012-2022) o número de homicídios no país caiu 25,3%. Mas, na ponta do lápis, as mortes continuam sendo contadas aos milhares, mês a mês. Em 2022, houve 22.864 homicídios de jovens no Brasil, quase 2 mil a cada trinta dias.
Em relação aos jovens, outro aspecto dá um contorno mais dramático à situação. Confrontando a idade média das vítimas ao morrer e a expectativa de vida da população, os pesquisadores estimaram que mais de 15 milhões de anos potenciais de vida foram perdidos pelos 321.466 jovens assassinados no Brasil, entre 2012 e 2022. “A morte prematura significa privá-los da oportunidade de experimentar outras fases da vida”, resume o estudo.
A pesquisa também constatou que de cada cem jovens de 15 a 29 anos que morreram no Brasil por qualquer causa, 34 foram vítimas de homicídio.
Do total de 46.409 assassinatos registrados em 2022, 49,2% vitimaram brasileiros de 15 a 29 anos.
Região Sudeste
No Sudeste, Minas é o Estado onde o número de mortes, proporcionalmente, mais cresceu de 2021 para 2022. O aumento foi de 8,8%. No Espírito Santo o crescimento foi de 2,3% e em São Paulo, de 0,2%. Já´ o Rio de Janeiro teve queda de 23,5%.
Feminicídios
Há duas semanas, com base no mesmo atlas, o Hoje em Dia mostrou que o Rio de Janeiro perde para Minas em número de feminicídios. Pelo menos 272 mineiras foram assassinadas em 2022, um aumento de 9,2% em relação ao ano anterior. No Estado vizinho, foram 253 homicídios no mesmo período.
No país, a maioria dos crimes foi cometida dentro da casa das vítimas – e por pessoas conhecidas.
A Bahia lidera as mortes de mulheres naquele ano, dado mais recente compilado no estudo. Por lá, foram 411 vítimas. Mesmo assim, porque houve queda de 2021 para 2022. O recuo foi de 11,2%.
Em segundo lugar aparece São Paulo, com 373 mortes. Depois, o Ceará, à frente de Minas por muito pouco: 275. Em território nacional, foram 5.220 feminicídios.
Na última década (2012-2022), ao menos 48.289 mulheres foram assassinadas no Brasil.