Com exportação em alta, cardápio sem carne é ‘tendência’ em 2022

Com exportação em alta, cardápio sem carne é ‘tendência’ em 2022

Se a alta nas exportações para a China e outros mercados continuar crescendo, a expectativa é a de que o bife de boi fique ainda mais raro no prato brasileiro. Essa é a conclusão da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig). E, ao que tudo indica, é a tendência para 2022.

Balanço da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) mostra que, com a desvalorização do real, a competitividade da carne brasileira aumentou no cenário internacional, levando a recordes de venda para o exterior. De janeiro a novembro de 2021, as vendas externas totalizaram US$ 18,19 bilhões, alta de 16,2% em valor e 4,6% em volume no comparativo dos 11 primeiros meses de 2021 com 2020. Em Minas, o incremento foi de 14,8% no valor e 6,7% no volume.

Especificamente em relação às exportações de carne bovina, mesmo considerando o embargo chinês de três meses à carne brasileira, a China se manteve na liderança na comercialização e aumentou em 10% a receita das compras de carne de boi mineira, alcançando US$ 480 milhões, na comparação com o período de janeiro a novembro de 2020.

“As compras aquecidas da China durante todo o ano ajudaram a manter o resultado do acumulado com bons números, mesmo com o embargo da carne bovina nos meses de setembro, outubro e novembro”, analisa a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Valentini. Hong Kong seguiu no 2º lugar do ranking, com US$ 75 milhões.

De acordo com o balanço da Faemg, no acumulado de 2021, o valor médio da arroba do boi pago ao produtor chegou a R$ 302,40, 6,2% maior que no mesmo período do ano passado.

Custo

Um dos fatores que explica a valorização é a oferta enxuta e a elevação dos custos de produção, como a soja para a ração. Também pesa a valorização dos animais de reposição: o preço médio do bezerro está entre R$ 2.800 e R$ 3 mil.

Em 2021, 2,5 milhões de cabeças foram abatidas de janeiro a novembro – uma queda de 11,2% do rebanho –, índice que não deve crescer em 2022, o que deverá manter o preço da carne alto.

Silvio Silveira, presidente da Afrig, explica que o preço das carnes bovinas mudou “do dia para a noite” com o embargo da China, mas que o preço da arroba já voltou ao patamar anterior.

“O boi estava estabilizado em R$ 320, sem a exportação chegou a R$ 260 e R$ 250. Assim que o mercado abriu, o boi já chegou a R$ 330”, diz.

Segundo Silveira, o preço de 2022 deve começar a ser definido a partir da primeira quinzena de janeiro, já que a tendência é a de que o pecuarista segure o abate do boi para valorizar o preço do animal no mercado externo.

“Se a exportação continuar alta, a carne vai ficar mais rara no prato do brasileiro. Estamos exportando muito e temos que exportar, porque produzir uma arroba de boi é muito caro. É preciso até três anos de trato, pasto e confinamento. Além disso, a reposição está muito cara. Um bezerro está custando, em média, R$ 3 mil”, afirma.

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