Câncer já é a principal causa de morte em centenas de cidades do Brasil

Dados do Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer apontam que 606 cidades brasileiras já vivem a realidade de terem os tumores como a principal causa de morte. Desses, 83% estão nas regiões Sul e Sudeste.

Segundo a coordenadora do observatório, Nina Melo, que participou de uma audiência da comissão especial da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (20), ainda não há uma explicação confirmada para essa regionalização dos efeitos dos cânceres. Para ela, a maior incidência no Sul e Sudeste pode estar ligada a uma maior frequência de diagnósticos. Por outro lado, a falta de exames seria a explicação para uma queda de 26% nas mortes por tumores na região Norte de 2015 a 2020.

O Observatório de Oncologia aponta que, de 2029 a 2030, o câncer deve passar as doenças cardiovasculares como principal causa de mortes no Brasil. Entre 1996 e 2020, as mortes por tumores cresceram 122%. Já os óbitos por doenças cardiovasculares subiram 43% nesse mesmo período.

Mais caro e demorado
Em relação aos custos para o tratamento do câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), Nina Melo afirmou que eles são mais altos no Norte e Nordeste. “Eles ficam em primeiro lugar porque têm o maior número, a maior porcentagem de estadiamento tardio, quando eles são diagnosticados. Já é sabido que o custo do tratamento do câncer aumenta nos diagnósticos mais avançados”, explicou.

As desigualdades regionais também aparecem nos tempos médios para diagnóstico do câncer e início do tratamento. Pela lei, o primeiro prazo é de 30 dias, e o segundo, de 60 dias.

No país, o tempo médio foi de 36 dias para diagnóstico do câncer de mama em 2020; mas, em Sergipe, foi de 94 dias. Para início do tratamento, o tempo médio foi de 174 dias; mas, novamente em Sergipe, foi de 273 dias.

“É revoltante, porque o câncer tem cura se o paciente tem diagnóstico precoce e tratamento adequado”, criticou o deputado federal Weliton Prado (Solidariedade-MG), que solicitou a realização do debate na Câmara. “Temos cidades onde o câncer atingiu 40% das mortes”, lamentou.

Estilo de vida
Segundo a chefe da Divisão de Detecção Precoce do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Renata Maciel, as diferenças regionais também estão ligadas a estilos de vida. Estudo de 2019 mostra que, entre as regiões, a Sul é a que mais consome alimentos ultraprocessados, enquanto o Nordeste tem o menor consumo.

Outros fatores de risco são bebidas alcoólicas, fumo e sedentarismo.

(*) Com Agência Câmara de Notícias.

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