Brasil chega a 200 mil mortes por Covid-19 sem vacina e sob risco de repetir piores momentos da pandemia

Brasil chega a 200 mil mortes por Covid-19 sem vacina e sob risco de repetir piores momentos da pandemia

O Brasil ultrapassou na tarde desta quinta-feira (7) a marca de 200 mil óbitos por coronavírus. Sem nenhuma vacina aprovada pela Anvisa nem um cronograma de imunização por parte do governo federal, o país já totaliza 200.011 vidas perdidas pela pandemia desde março de 2020.

Nesta quarta-feira, o país registrou 1.266 mortes, o maior número desde 18 de agosto. No dia 8 daquele mês, o país ultrapassou os 100 mil óbitos pela doença, que fez a primeira vítima fatal no Brasil no dia 17 de março — um homem de 62 anos que tinha diabetes e hipertensão. Brasil ultrapassa 200 mil mortes por Covid-19

Os dez dias com mais mortes notificadas de Covid-19 no Brasil em 24 horas:

Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h. A iniciativa dos veículos da mídia foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.

Bolsonaro e a pandemia

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro manteve-se cético em relação aos seus efeitos e a amplitude. Ele classificou a Covid-19 como “gripezinha”, defendeu o isolamento vertical, contestou a eficácia das máscaras, pediu o fim de medidas restritivas de circulação e a reabertura das escolas.

Também afirmou que a cloroquina é a única cura para a a Covid-19 — apesar de admitir que não havia comprovação científica sobre a eficácia do medicamento contra a pandemia.

Infográfico: Números do coronavírus no Brasil e no mundo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido, com alto índice de popularidade, ao posicionar-se contra as ideias defendidas por Bolsonaro. Foi substituído por Nelson Teich que, sem apoio da área técnica da pasta, deixou o cargo após 29 dias de gestão.

Em seu lugar entrou o então secretário-executivo do ministério, general Eduardo Pazuello, que, seguindo a vontade de Bolsonaro, publicou uma portaria permitindo o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves.

Outra marca do início de sua gestão foi o apagão de dados sobre a pandemia do site do governo, inviabilizando o acompanhamento dos casos e mortes causados desde o início da pandemia. Para combater a falta de transparência das estatísticas do ministério, veículos de comunicação criaram um consórcio em que fazem um levantamento diário das ocorrência e óbitos por Covid-19, com informações coletadas com as secretarias estaduais de Saúde.

Politização no debate da vacina

A politização dominou o debate sobre a vacinação contra o coronavírus. Bolsonaro, em diversas ocasiões, declarou-se contrário à obrigatoriedade da imunização. Já seu rival político, o governador paulista João Doria (PSDB), pressiona a Anvisa pela aprovação do imunizante CoronaVac, produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. Doria pretende iniciar a vacinação no estado no dia 25.

O Butantan afirmou nesta quinta-feira que a taxa de eficácia da CoronaVac é de 78%. Pazuello afirmou esta quinta-feira que o governo federal comprará 46 milhões de doses do imunizante, podendo ampliar em mais 54 milhões.

No plano nacional de imunização, porém, o governo federal aposta pesadamente em outra vacina, a produzida pela Universidade de Oxford com o laboratório britânico AstraZeneca. O documento prevê a compra de 100,4 milhões de doses de insumo farmacêutico ativo da vacina, além de uma licença à Fiocruz para a produção, distribuição e comercialização do imunizante. A expectativa é que sejam entregues 15 milhões de doses em janeiro, 15 milhões em fevereiro e o restante até julho de 2021.

Um lote emergencial de 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxfor foi adquirido pelo governo federal, mas ainda sem data para chegar ao Brasil.

Enquanto a vacinação avança em outros países — na vizinha Argentina, por exemplo, a imunização é realizada com a russa Sputnik V —, o Brasil não tem registro para uso emergencial de nenhum imunizante. A expectativa é que a Fundação Oswaldo Cruz, parceira de Oxford-AstraZeneca no país, protocole a solicitação amanhã.

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