Bebê que foi encontrada dentro de geladeira foi congelada ainda com vida, diz polícia
Mãe da criança agora pode responder por homicídio, além de ocultação de cadáver, crime pelo qual foi presa. Segundo a polícia, dona de casa que encontrou a bebê não sabia de nada. Investigações continuam.
O bebê que foi abandonado, há um ano, dentro de uma geladeira em Belo Horizonte, tinha nascido vivo. A mãe de 29 anos, que nasceu no estado da Bahia, foi presa em flagrante por ocultação de cadáver, nesta quarta-feira dia 01 de dezembro. Agora, segundo a polícia, ela também pode ela também pode responder por homicídio.
O recém-nascido era uma menina.
“A neném estava parcialmente congelada, o que dificultou a necropsia, mas, mesmo assim, foi identificado que ela nasceu com vida”, disse o delegado Alexandre Fonseca, responsável pelas investigações.
O delegado disse ainda que a menina nasceu com 2 quilos e 45 centímetros de altura, quando a mãe estava com cerca de 38 semanas de gestação.
“Era um bebê a termo, ou seja, uma criança ‘viável’, que podia nascer a qualquer momento, tinha pulmão formado”, disse o delegado.
O corpo ainda vai passar por outros exames, como tomografia e de sangue, para identificar a causa exata da morte.
“É um crime repugnante, inaceitável e macabro, ficamos abalados”, disse o delegado.
As investigações prosseguem.
Dona de casa não sabia de nada – Segundo a Polícia Civil, a dona de casa Susy Costa, de 56 anos, que estava fazendo uma limpeza na geladeira quando encontrou o bebê congelado, é inocente.
“Ela realmente não sabia o que estava acontecendo, até pela forma que o corpo estava embalado, estava dentro de uma cinta e dois sacos pretos, o perito disse que não havia condições de saber, não tínhamos elementos que confirmasse que a senhora sabia”, disse Fonseca.
Ela prestou depoimento na delegacia. Segundo o delegado, o relato de Susy é que, há um ano, a suspeita teria entregado uma sacola dizendo que não tinha geladeira e perguntando se a dona de casa podia guardar uma carne na geladeira dela.
A dona de casa teria ficado incomodada e disse que sempre pedia a mulher para ir buscar a “carne”. Na terça-feira (30), Susy teria resolvido descongelar a geladeira e abriu a sacola, encontrando o bebê.
“Ela disse que abriu a sacola e viu um pezinho do bebê e se apavorou. Ela ligou para o pastor, que é um policial militar aposentado, e ajudou no acionamento com a polícia”, disse.
Mãe havia tomado abortivos – A Polícia Civil disse que, durante depoimento da suspeita, ela teria dado três versões diferentes sobre a morte da filha.
“Ela contou três versões inverossímeis e, só depois de questionarmos, ela contou que já era mãe de outras duas crianças e que teria pesquisado na internet quem venderia o medicamento abortivo. Foi até a Praça Sete e uma mulher a teria levado para um hotel, onde ela ingeriu os remédios”, falou o delegado Alexandre Fonseca.
“O medicamento abortivo não teria sido suficiente para matar a bebê. Não houve sinais de violência, nem identificação de morte no útero”, disse.
Fonseca contou ainda que a mulher teria desmaiado e que ela disse que, quando acordou, a bebê já tinha nascido e que estava morta.
“Durante depoimento, a única preocupação dela era se o tráfico da região onde ela mora iria saber do caso. Ela estava receosa de ser morta pelo tráfico, depois de descobrirem o crime”, falou.
O companheiro dela, que vive na Bahia, disse à Polícia Civil que não sabe se a filha era dele. A polícia fará exame de DNA.
Prisão em flagrante – A mulher foi presa em flagrante e prestou depoimento, na tarde desta quarta, no Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP), no bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte.
A mulher, que não teve o nome divulgado pela polícia, foi encontrada no bairro Flávio Marques, na Região do Barreiro, pelos militares do 41º batalhão.
Entenda – O bebê, de idade ainda não identificada, foi encontrado morto envolto em uma sacola dentro de uma geladeira na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. O corpo estava no eletrodoméstico havia um ano.
De acordo com a Polícia Militar, o corpo foi encontrado pela dona de casa Susy Costa, que estava fazendo uma limpeza na geladeira.
A mulher confirmou à polícia que a suposta mãe do bebê a entregou um embrulho, em um saco preto, afirmando que era um pedaço de carne, e pediu para que ela guardasse em sua geladeira.
Um ano depois da entrega, ao abrir uma sacola de supermercado que estava no fundo do congelador, a dona de casa percebeu que havia um pé humano dentro do saco.
As primeiras informações da PM apontam que a dona de casa era conhecida de Grazi, que frequentava a mesma igreja que ela. A jovem estava grávida do namorado e decidiu esconder a gravidez, usando uma cinta.
‘Falava que iria buscar’ – À reportagem, a faxineira Simonia Salgueiro, irmã da dona de casa, contou que Susy conheceu a suposta mãe do bebê, uma jovem identificada apenas como Grazi, por indicação de terceiros.
Elas se viam vez ou outra, e no último encontro a mulher deixou o embrulho com ela, para ser colocado na geladeira.
“Ela falou ‘guarda essa carne pra mim, que eu vou dar para uma pessoa’. Minha irmã disse que guardaria e depois disso ela sumiu de lá [do bairro]. Elas só mantinham contato por WhatsApp. Minha irmã falava que ia jogar a carne fora e ela não deixava, falava que iria buscar”, conta.
Fonte: G1