Em entrevista, Lula diz que Minas Gerais recebe os recursos que merece

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De volta a Minas Gerais hoje para visitas a dois polos industriais em Betim e Ouro Branco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem no estado uma agenda que exemplifica a natureza diversificada dos desafios que precisa enfrentar na segunda metade de seu mandato. A menos de uma semana, o petista esteve em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campo do Meio e, agora, tenta abrir espaço com o setor empresarial.

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o presidente falou sobre as prioridades do Planalto para baratear o preço dos alimentos, elogiou o senador mineiro Rodrigo Pacheco (PSD) – seu nome favorito para a disputa pelo governo estadual em 2026 – e ressaltou a sua agenda plural em Minas Gerais nos últimos dias.

Sobre os investimentos no estado, Lula destacou o que considera uma oportunidade cedida pelo governo federal para que a bilionária dívida com a União seja refinanciada, tema que tem gerado atrito entre o Executivo Federal e a gestão de Romeu Zema (Novo). “Minas está recebendo os recursos que merece”, disse o presidente.

As medidas anunciadas para conter a alta dos preços de alimentos vão contribuir efetivamente para reduzir o custo de vida? O que ainda pode ser feito nesse sentido?
Já fizemos duas reuniões com o setor produtivo e de comércio de alimentos para tratar desse tema, que é prioridade para nós. Anunciamos na semana passada a isenção de imposto de importação para uma série de produtos, como azeite, milho, carnes, açúcar e café, entre outros, o que ajudará a equilibrar os preços. Outro ponto importante são os impostos sobre os alimentos da cesta básica. É preciso dizer que já praticamos imposto federal zero para esses produtos e estamos convocando os governadores de onde ainda há cobrança de imposto estadual para reduzirem ou acabarem com essa tributação. Vamos priorizar a produção de alimentos nos Planos Safra da agricultura familiar e do agronegócio. Este ano devemos ter safra recorde de grãos, ajudando a melhorar o preço do arroz, do feijão, do milho, da soja e de seus derivados. Além disso, estamos reestruturando a capacidade de formar estoques reguladores – política que foi

Minas Gerais é a terra do café. O estado é, de longe, o maior produtor do país, responde por mais da metade da safra nacional. Aos mineiros, alguma sugestão para fugir da disparada dos preços do café? Assim como o senhor já deu algumas dicas de economia doméstica, sugere a substituição do produto ou haverá alguma medida específica para controlar os preços?
Vamos seguir trabalhando, como disse antes, para reduzir o preço de uma série de produtos, inclusive o café. E continuaremos fortalecendo a produção local. O passo mais importante para isso é o crédito. Desde o início de nosso governo, a agropecuária mineira já recebeu R$ 100,3 bilhões em financiamentos federais. É o segundo estado que mais recebe recursos federais nessa área, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul. Isso dá segurança para expandir as lavouras de todos os produtos e aumentar a capacidade de produzir café em maior quantidade e com ainda melhor qualidade para o mercado brasileiro e de todo o mundo.

Do trabalho ao capital, o senhor retorna a Minas quatro dias depois de visitar um assentamento do MST no Sul do estado. Desta vez, a agenda estará voltada para as instalações de duas grandes empresas. Como vê o estado no cenário nacional? Qual é a importância estratégica de Minas para o crescimento do país?
Minas Gerais concilia a indústria, os serviços, a agricultura e a extração mineral. O desenvolvimento brasileiro depende do que sai destas “muitas Minas Gerais”. É o caso dos dois importantes empreendimentos que fazem parte de minha visita a Minas nesta terça-feira: a fábrica da Stellantis, em Betim, que terá investimentos de R$ 14 bilhões até 2030, com foco em desenvolver e produzir ainda mais automóveis híbridos e eletrificados, gerando 1.900 novos empregos; e a Gerdau, em Ouro Branco, que está inaugurando uma nova linha de produção de bobinas de aço, com investimentos de R$ 1,5 bilhão. Minas ficará ainda mais forte com os investimentos federais e privados que fazem parte do Novo PAC. O programa destina R$ 74,7 bilhões para investimentos diretos no estado, valor que chega a R$ 144,4 bilhões se somarmos os investimentos que vão além de suas fronteiras. Na logística, por exemplo, resolvemos um impasse de décadas e vamos transformar a BR-381, que era conhecida como “rodovia da morte”, em “rodovia da vida”. Só nela, os investimentos privados e do Dnit chegarão à casa dos R$ 10 bilhões. Em resumo: Minas é essencial para o Brasil – e está recebendo do governo federal e da iniciativa privada os recursos que merece e que precisa para seu desenvolvimento.

Diante dos dados do PIB brasileiro de 2024, que cresceu 3,4% sobre 2023, o senhor afirmou que “2025 será o ano da colheita”. O que nós, mineiros, vamos colher?*
Os mesmos resultados do IBGE sobre o PIB mostraram que o investimento no Brasil cresceu 7,3% em relação a 2023 – e isso significa mais oportunidades de emprego e mais mercado para quem quer empreender e abrir seu próprio negócio sem depender de um patrão. O BNDES dedicou, desde 2023, R$ 16,8 bilhões em crédito ao setor produtivo de Minas Gerais.O governo federal também está dando ao estado a oportunidade de renegociar suas dívidas. Isso significa que Minas pode deixar de pagar juros e, em contrapartida, investir mais R$ 3,5 bilhões ao ano na expansão do ensino profissionalizante, em moradia, saneamento, transportes, segurança pública, entre outros. Também trabalhamos fortemente nos últimos dois anos pela repactuação do acordo de Mariana, que vai garantir recursos 170 bilhões para que os municípios da Bacia do Rio Doce finalmente recuperem suas economias e a qualidade de vida de seus habitantes. Com tudo isso, os mineiros e as mineiras viverão um 2025 melhor, em um estado que voltou a contar com o suporte do governo federal. Mais do que dobramos o número de profissionais do Mais Médicos no estado, que agora são 2,3 mil. O Pé-de-Meia garante uma poupança para 353 mil estudantes mineiros concluírem o ensino médio. E as mais de 5,3 mil Farmácias Populares do estado estão distribuindo gratuitamente 41 medicamentos e insumos a quem precisa tomar remédios de uso contínuo para tratar a diabetes, a asma e outras condições de saúde. (Renata Neves)

FONTE ESTADO DE MINAS

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