PT expõe insatisfações com ajuste fiscal e comunicação do governo Lula
Após dois dias de reuniões e seminários internos, o PT aprovou uma resolução que traz críticas ao pacote de ajuste fiscal proposto pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que também aponta falhas na comunicação do governo federal.
A base do texto escolhida foi a da corrente majoritária — Construindo um Novo Brasil, a CNB –, mas emendas também foram adicionadas ao documento, num acordo entre alas do partido que ganhou apoio da “maioria expressiva” dos 90 membros do Diretório Nacional, conforme disseram fontes do partido.
“O PT recomenda a nossas bancadas que avaliem com profundidade e debatam com o governo os impactos da proposta que envolve o BPC, de forma que ela venha a incidir sobre eventuais desvios e fraudes ao sistema, preservando integralmente os direitos estabelecidos na Constituição. Lula e Haddad acertam ao expor a hipocrisia dos grandes grupos econômicos e ao propor a taxação dos mais ricos. A tributação de fundos em paraísos fiscais e offshores, conforme explicou o ministro Haddad, já permitiu ao governo aumentar expressivamente a arrecadação federal. Entre janeiro e outubro, a arrecadação atingiu R$ 2,218 trilhões, o maior valor da história. Além do estímulo à atividade econômica, a decisão de promover justiça tributária foi fundamental para esse resultado”, diz a resolução.
As “autocríticas” do PT atingem os ministérios comandados por Paulo Pimenta (da Secom) e Fernando Haddad (da Fazenda).
O acordo construído para questionar o pacote de ajustes pilotado por Haddad foi precedido por um debate interno que opôs alas do PT.
Os pontos centrais da avaliação negativa ao pacote de ajuste fiscal se referem especificamente às mudanças pretendidas nas diretrizes para a evolução do salário mínimo e no Benefício de Prestação Continuada, o BPC, que passaria a não ser mais cumulativo.