Boate Kiss: prédio é demolido para construção de memorial
Demolição da casa noturna onde um incêndio matou 242 pessoas, em janeiro de 2013, começou nesta quarta-feira. Após a cerimônia oficial de início dos trabalhos, acesso ao interior da edificação foi liberado para imprensa, familiares de vítimas e autoridades. Marcas da tragédia estão por toda parte.
Logo após a cerimônia que marcou o início da demolição do prédio da boate Kiss, em Santa Maria, na manhã desta quarta-feira (10), o acesso ao local foi liberado para familiares de vítimas, imprensa e autoridades, que puderam ingressar na planta original da casa noturna, onde, em 27 de janeiro de 2013, um incêndio matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridas.
Onze anos e seis meses após a tragédia, com uso de equipamentos de proteção individual (EPI), Mara Rejane Amaral Dalforno esteve pela primeira vez no interior da boate onde a filha, Melissa do Amaral Dalforno, perdeu a vida.
— Eu não entendia como era a boate, não entendia o prédio. Fui no julgamento, olhei, mas a gente não entende. Agora, eu entendo. Vi onde a minha filha estava. Era no VIP, e o VIP era o pior lugar dentro dessa boate — afirmou a mãe.
Logo na entrada, fica a área de caixas e guarda-corpos, estruturas que, no momento das chamas, dificultaram a saída dos frequentadores. Essas peças foram removidas e restaram apenas as marcas no chão sinalizando onde elas ficavam. Em frente, em meio a entulhos, observa-se o espaço da área VIP e dos bares. O teto está caído em diversos pontos, e é visível a espuma que permaneceu.
No fundo, à direita, fica o ponto da área VIP mais distante da porta. À esquerda, a pista e o palco, onde o fogo começou. O piso na área da pista é de madeira, e parte cedeu com o tempo, por isso, não é possível chegar com segurança até o palco.
Mesas ainda então dispostas nos mesmos locais, assim como espelhos. Esses itens vão compor o acervo do memorial da Kiss junto com letreiro, portas e materiais simbólicos recolhidos dentro do prédio.
No outro lado da boate, à esquerda da saída, ficam os acessos a banheiros e cozinha. No masculino, que fica virado para a Rua dos Andradas, ainda há um buraco aberto na fachada. No feminino, pias quebradas e espelhos estilhaçados não permitem a entrada.
Um memorial em homenagem ás vítimas será construído no local, e a obra deve ser concluída em abril de 2025, quando a tragédia já terá completado 12 anos.