Exportações de café para a China crescem quase 4.000% em 10 anos
O café mineiro tem rompido barreiras geográficas e culturais e vem conquistando paladares do outro lado do planeta. Um dos destaques é o crescimento das exportações para a China, que passaram por aumento vertiginoso nos últimos dez anos, com aumento registrado da ordem de 3.960% no valor movimentado, alcançando a cifra de quase US$ 251 milhões em 2023.
Com o avanço, o país asiático chegou ao patamar de sexto principal destino da produção cafeeira do estado. Os resultados são fruto da qualidade em ascensão, impulsionada pelos serviços de assistência técnica, extensão rural, pesquisa e vigilância sanitária oferecidos pelo Governo de Minas, contribuindo para a profissionalização do setor e a ampliação de mercados internacionais, a exemplo dos irmãos Walter e Ednilson Dutra, cafeicultores da região de Manhuaçu.
Os cafeicultores são pioneiros em integrar o Programa Certifica Minas Café, coordenado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e comercializam no exterior há duas décadas. Atualmente, toda a produção da Fazenda Dutra é orgânica e vendida diretamente a mais de 20 países. A primeira vez que a família enviou o produto para a China foi no ano 2016.
“Nós estamos exportando desde 2.000, começamos com apenas um container para a Alemanha e lutamos para crescer, procurando sempre quem possa nos ajudar, os órgãos do Governo de Minas e outras instituições públicas. A gente jamais imaginou que o nosso café pudesse chegar à China, um nome que remete a grandeza, tão longe daqui”, afirma Ednilson.
E os esforços para alcançar cada vez mais mercados não param. “Nós sabemos que se trata de uma longa jornada, porque temos um produto de nicho, um produto especial e diferenciado, mas o caminho é buscar colaboração, e o Governo de Minas é muito amigo da agricultura, traz visitas para nós, sempre nos dá oportunidades de mostrar o nosso trabalho para o mercado externo. No caso da China, como todo mercado que está iniciando, não é fácil, mas há um futuro”, diz Ednilson.
Exportações do café mineiro para a China
Entre 2022 e 2023, o salto de exportações do café mineiro para a China foi de 250%, chegando a quase US$ 251 milhões e 1,2 milhão de sacas embarcadas no ano passado. Em 2022, os dados correspondiam a US$ 71,5 milhões e 324 mil sacas. Para se ter ideia, há dez anos, em 2014, as compras chinesas somavam apenas US$ 6,1 milhões e 32,2 mil sacas.
De acordo com o diretor de Cadeias Produtivas da Seapa, Julian Silva Carvalho, esse aumento expressivo decorre de mudanças nos padrões de consumo dos orientais, que cada vez mais têm aprendido a apreciar a bebida.
“Nós viemos de um cenário de baixa demanda por café por parte dos chineses. Diferentemente do que sempre aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas na China tinham o costume de consumir chá ao invés de café. Conforme vão se tornando mais cosmopolitas e conhecendo novos produtos, isso tem se transformado”, avalia o especialista.
O café é o principal item da pauta exportadora do agronegócio de Minas Gerais, alcançando a receita total de US$ 1,1 bilhão no primeiro bimestre deste ano, com um volume de 5,3 milhões de sacas embarcadas. Os Estados Unidos, a Alemanha, a Bélgica, o Japão e a Itália lideram as aquisições do produto mineiro, seguidos pela China.
Qualidade superior e sustentabilidade
O Governo de Minas incentiva a produção de café com qualidade superior, respeitando as boas práticas agropecuárias de padrão internacional, por meio da assistência técnica da Emater-MG, das pesquisas da Epamig e da vigilância sanitária executada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária.
Além disso, em 2023, esforços conjuntos da Secretaria de Agricultura, do Instituto Estadual de Florestas, vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) culminaram no desenvolvimento da plataforma SeloVerde MG.
A ferramenta comprovou que 99% das propriedades cafeeiras em Minas Gerais estão categorizadas como áreas livres de desmatamento desde 2008, data-base estipulada pelo Código Florestal.
As avaliações computacionais do parque cafeeiro analisaram 118 mil propriedades, abrangendo aproximadamente 1,1 milhão de hectares. O diagnóstico é conduzido de maneira automatizada, empregando inteligência artificial para o processamento de grandes volumes de dados. Para isso, são utilizadas as informações mais precisas disponíveis.
“O resultado é importante para sinalizar ao mercado internacional o emprego de práticas ambientalmente responsáveis na cafeicultura mineira, com respeito às matas nativas, e permitir que os parceiros do exterior continuem importando o produto de Minas Gerais”, analisa o secretário de Agricultura, Thales Fernandes.
Fotos Diego Vargas SEAPA