Mídia vão movimentar US$ 43 bi em 2021
O consumo das famílias brasileiras está em queda há nove trimestres seguidos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora os cortes de gastos não poupem o ramo de mídia e entretenimento, que no ano passado encolheu US$ 3 bilhões no Brasil, o setor tem projeções otimistas. Segundo estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), o segmento deve crescer 4,6% ao ano até 2021. No ano passado, movimentou US$ 35 bilhões e, em cinco anos, deve alcançar a cifra de US$ 43,7 bilhões. As projeções já foram maiores. Em 2016, a estimativa era de uma taxa de 6,4%.
“Mesmo com a queda no ritmo, se compararmos com os demais setores da economia, que estão em retração, esse resultado é de dar inveja”, destaca o professor de economia da faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Flávio Correia.
O incremento será construído a partir das plataformas digitais, que avançam a passos largos na preferência dos consumidores. Segundo a PwC, enquanto a demanda por jornais deve recuar 1% e a por revistas deve cair 4%, o mercado dos videogames deve crescer 17% e o da publicidade na internet deve subir 12%. “O setor que não se adequar à velocidade desejada pelos consumidores vai sair do mercado”, diz Correia, destacando vedetes do momento como Netflix, além das smart- TVs e pacotes de conteúdo disponíveis para serem acessados a qualquer hora.
O professor de marketing do Ibmec, Bruno Fernandes, afirma que a transformação digital já lançou um grande desafio para a publicidade. “A propaganda depende das mídias, sejam elas físicas ou eletrônicas. Acontece que o consumidor está buscando conteúdos mais simultâneos e, se ele quer ter acesso a conteúdos instantaneamente, não quer ser interrompido e, portanto, não quer inserções invasivas. Então a publicidade terá que encontrar novos caminhos”, destaca o professor.
Fernandes diz que isso já começou a acontecer e pode ser claramente visto em séries de grande destaque. “Tem sempre um personagem abrindo a geladeira e consumindo alguma marca de cerveja ou de comida, assim como os notebooks que aparecem nas cenas. É algo mais discreto, e é assim que o mercado vai ter que se adaptar”, destaca.
Em cinco anos, o consumo de dados em dispositivos móveis deve crescer 28% ao ano, passando de 7 trilhões de megabytes em 2016 para 24 trilhões de megabytes em 2021. “Esse cenário deverá impulsionar o crescimento das plataformas digitais, com reflexos positivos nos mercados de games, música e publicidade na internet” diz a sócia da PwC Brasil e especialista em Mídia e Entretenimento, Estela Vieira.
O estudo mostra ainda que o cinema não perderá espaço e os games avançarão ainda mais. No ano passado, o setor das telonas movimentou 11,4% a mais. Até 2021, vai crescer 7%. Os games, que cresceram 24,9%, devem subir 16,6%.
Mundo. O mercado global de mídia e entretenimento crescerá a uma média anual de 4,2% nos próximos cinco anos e, em 2021, chegará a US$ 2,23 trilhões. Atualmente, o Brasil ocupa o 9º lugar em expansão, num ranking com 54 países.
internet atrairá 3,5 vezes mais anúncios
Os meios tradicionais ainda concentram os investimentos em propaganda. Mas, segundo a PwC, a crescente demanda por novas mídias está fazendo a atenção dos anunciantes se voltar para as plataformas digitais. Ate 2021, os gastos com publicidade na internet devem crescer 12% ao ano, chegando a US$ 3,6 bilhões. O ritmo de expansão é 3,5 vezes maior em relação às mídias tradicionais, que crescerão 3,5% ao ano.
De acordo com a sócia da PwC Brasil e especialista Estela Vieira, o aumento do acesso à internet e das mídias digitais são expressivos e tendem a crescer ainda mais no Brasil. “Para conquistar um crescimento sustentável, no entanto, as empresas de mídia e entretenimento no país precisarão observar atentamente as novas demandas do usuário, além de utilizar estrategicamente a tecnologia e a análise de dados para levar a melhor experiência para o consumidor.”
segundo o estudo, o Brasil também se tornou polo do mercado de games para dispositivos móveis. O crescimento estimado para 2021 é de 26% ao ano. Em 2016, a receita foi de US$ 220 milhões. Em cinco anos, a projeção para o faturamento é de US$ 712 milhões.