Ministério abre inquérito para investigar manteiga com fezes produzida em Minas
O Ministério da Agricultura está investigando fraude na produção de manteiga em Minas Gerais. A Operação Alcanos, deflagrada nesta quinta-feira, 20, pelo ministério, com Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) em Pouso Alegre (MG), coletou amostras de manteiga nos estabelecimentos varejistas para averiguar a suspeita de adição de gordura vegetal em substituição ao creme de leite. Foi identificada a presença de coliformes totais e fecais nas amostras.
A análise será feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Pará (LFDA-PA). “A substituição da gordura de origem láctea por gordura vegetal configura adulteração passível de punição administrativa e criminal”, explica o coordenador do 5º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa), Pedro Henrique Bueno.
Segundo a pasta, com a detecção de fraude na produção da manteiga, foram lavrados autos de infrações ao estabelecimento, que resultaram em sanções administrativas como a apreensão cautelar de todos os produtos encontrados nos estabelecimentos e determinação de recolhimento dos produtos adulterados no varejo.
O estabelecimento produtor também foi interditado.
O Ministério disse ainda que durante a operação também foram cumpridos dois mandados de prisão temporária por ameaças a servidor do Ministério da Agricultura.
Conservante proibido e coliformes
Sem conseguir fiscalizar a fábrica, o órgão recolheu amostras do produto no mercado varejistas e enviou para análises laboratoriais. Com isso, ficou demonstrada a adulteração nas manteigas e a utilização de ácido sórbico/sorbato, um conservante não permitido pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Manteiga. Também foi identificada a presença de coliformes totais e fecais.
“As investigações também apontaram que, somente no primeiro semestre de 2022, o grupo adquiriu R$ 2,3 milhões em produtos destinados à adulteração da manteiga, o que representa uma aquisição de 9.625 caixas de gordura vegetal”, pontuou o MPF.
Com isso, como o preço dos óleos vegetais utilizados correspondem, em média, à metade do preço do creme de leite, os empresários conseguiram lucrar cerca de R$ 12,39 milhões com as vendas do produto entre 2021 e 2022.
As investigações apontaram ainda que, com a intensificação das tentativas de fiscalização do Mapa, os envolvidos criaram uma empresa logísitica, com sede em Pouso Alto, para onde todo o estoque de produção da manteiga falsificada eram enviados. O objetivo era evitar que as fiscalizações flagrassem o produto proibido nas dependências