Rússia diz que destruiu armas dos EUA na Ucrânia e que matou 120 militares
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Ministério da Defesa da Rússia disse, em relatório nesta quarta (27), que “mais de 120 nacionalistas e 35 veículos blindados foram destruídos” como resultado de ataques aéreos na Ucrânia, invadida há 63 dias.
O governo também disse ter destruído uma “grande quantidade” de armas fornecidas à Ucrânia pelos Estados Unidos e por países europeus. No total, as forças russas apontaram que suas “tropas de foguetes e artilharia completaram 573 missões de fogo durante a noite”. As informações não puderam ser verificadas com fontes independentes.
Segundo o ministério, “hangares com grande quantidade de armas e munições estrangeiras, entregues às forças ucranianas pelos Estados Unidos e países europeus, foram destruídos com mísseis de alta precisão Kalbir, disparados a partir do mar contra a fábrica de alumínio de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia”.
A Rússia ainda relatou explosões em cidades perto da fronteira com a Ucrânia, que não assumiu essas ações.
Do seu lado, o governo ucraniano estima que as novas armas, prometidas por países aliados nos últimos dias, devem levar três ou mais semanas para chegar à Ucrânia e fazer efeito no conflito. “Será final de maio ou início de junho quando a quantidade necessária chega e começa a produzir um impacto sério no campo de batalha”, disse Oleksiy Arestovych, conselheiro do chefe do Gabinete da Presidência da Ucrânia em entrevista.
O uso de armas de aliados já acende um alerta para o conflito em razão de a Rússia ter indicado estar pronta para retaliar em caso de uso delas. Os Estados Unidos pretendem fazer cúpulas mensais com países aliados e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a respeito da situação na Ucrânia.
Como resposta às sanções que têm sofrido, a partir de hoje, a Rússia cortou o fornecimento de gás para Polônia e Bulgária.
A medida é uma retaliação do governo russo à negativa dos países em pagar pela energia em rublos e ao apoio à Ucrânia na guerra. a UE (União Europeia) qualificou a medida russa como “chantagem”.
Ataques e respostas
Apesar de ainda registrar ataques de forças russas, principalmente no leste e sul do país, a Ucrânia tem respondido.
As Forças Armadas ucranianas disseram que, “somente nas regiões de Donetsk e Lugansk”, áreas separatistas, “nove ataques inimigos foram repelidos”, indicando a destruição de tanques, sistemas de artilharia, veículos blindados, entre outros.
Em Avdiivka, cidade a cerca de 700 quilômetros de Kiev, bombardeios causaram incêndios. Segundo o chefe militar da região de Donetsk, porém, as Forças Armadas da Ucrânia repeliram uma tentativa das tropas russas de avançar nessa direção.
No sul, uma ponte foi atingida hoje na região de Odessa, segundo a empresa ferroviária da Ucrânia, que ainda avalia o “grau de dano à infraestrutura”.
Hospital atingido
Um hospital em Sievierodonetsk, na região de Lugansk, leste da Ucrânia, foi atingido por um ataque hoje. Segundo o governador de Lugansk, Sergey Gaidai, uma mulher morreu.
“Os russos sabiam que o hospital não estava vazio”, disse Gaidai. “Havia pacientes, em diferentes condições, com médicos. E isso não os impediu.”
De acordo com Gaidai, “a destruição do edifício é significativa”. “Vários andares foram danificados de uma só vez.”
O governador disse que esse era um dos dois hospitais em operação na região. O outro está na cidade de Lysychansk.
Mariupol sitiada
A situação continua tensa na região da cidade portuária de Mariupol. Segundo as Forças Armadas da Ucrânia, a Rússia “está exercendo fogo maciço e bloqueando nossas unidades na área da usina Azovstal”, onde civis estão abrigados.
Segundo a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, aliado dos ucranianos, a maioria dos ataques aéreos russos em Mariupol é realizada “usando bombas de queda livre não guiadas”. “Essas armas reduzem a capacidade da Rússia de discriminar efetivamente ao realizar ataques, aumentando o risco de baixas civis.” A informação não pôde ser verificada com fontes independentes.
Áreas tomadas
O exército russo conquistou várias localidades no leste da Ucrânia em uma ofensiva para tomar o controle da região do Donbass, anunciou o Ministério da Defesa ucraniano. As forças russas desalojaram o exército ucraniano de Velyka Komyshuvakha e Zavody, na região de Kharkiv, e tomaram o controle de Zarichne e Novotoshkivske, na região de Donetsk.
Zarichne fica a apenas 50 quilômetros do centro regional de Kramatorsk, onde dezenas de pessoas morreram há algumas semanas em um ataque russo contra uma estação de trem. O ministério da Defesa advertiu que as forças russas “continuam a ofensiva na direção de Nyzhnye e Orikhiv”, na região central de Zaporizhzhia.
Separatistas pró-Rússia controlam as regiões de Donetsk e Lugansk desde 2014, quando o governo russo anexou a península da Crimeia após protestos que provocaram a queda do então presidente ucraniano ligado a Moscou. A Rússia afirma que a ofensiva no leste deve criar uma ligação terrestre entre o território sob controle controle separatista e a península no Mar Negro.
Moldávia
As autoridades da região separatista pró-Rússia da Transnístria, na Moldávia, anunciaram que um vilarejo na fronteira com a Ucrânia, que abriga um importante depósito de munições do exército russo, foi alvo de disparos. “À noite, foram vistos vários drones sobre o povoado de Cobasna”, indicou o “ministério do Interior” de Transnístria em um comunicado.
A mesma fonte apontou também que na manhã de quarta-feira “foram registrados disparos em direção a Cobasna a partir da Ucrânia”, que não provocaram vítimas. Cobasna fica a dois quilômetros da fronteira com a Ucrânia.
O vilarejo abriga um grande depósito de armas da época soviética que está sob o controle de soldados russos mobilizados nesse território. A autoproclamada “república” da Transnístria se separou da Moldávia em 1992 após uma breve guerra contra esse país. Desde então, 1.500 soldados russos estão estacionados na região.
Há alguns dias crescem os temores de que a guerra na Ucrânia se estenda à Transnístria. Um general russo afirmou recentemente que a ofensiva do Kremlin na Ucrânia tinha como objetivo criar um corredor até esta região separatista.
Os separatistas relataram, na segunda e na terça, uma uma série de explosões na autoproclamada “república”. Em resposta, a Moldávia anunciou medidas para reforçar sua segurança e pediu calma para sua população. A Ucrânia, por sua vez, acusou a Rússia de querer “desestabilizar” a Transnístria a fim de justificar uma intervenção militar.