Justiça britânica autoriza morte de bebê
LONDRES, REINO UNIDO. A Justiça britânica deu autorização nessa terça-feira (11) aos médicos para desconectar, contra a vontade dos pais, o suporte vital a um bebê de 8 meses que sofre de uma rara doença genética.
A decisão do Alto Tribunal foi recebida com gritos de “não!” pela família de Charlie Gard, que pretendia levar o bebê aos EUA para um tratamento experimental. No entanto, os médicos do Hospital Great Ormond Street, de Londres, consideram que já é hora de a criança, que sofre de danos cerebrais, receber cuidados paliativos. Os pais da criança estão “arrasados” com a decisão, segundo a advogada Laura Hobey-Hamsher.
O juiz Nicholas Francis disse que tomou a decisão “com a maior das tristezas”, mas com “a absoluta convicção” de estar fazendo o melhor para o bebê, que merece “uma morte digna”.
“Quero agradecer aos pais de Charlie por sua campanha valente e digna em seu nome, mas, principalmente, prestar homenagem à total dedicação ao maravilhoso filho, desde o dia em que nasceu”, continuou o juiz. Durante o julgamento, uma médica explicou que a criança já não ouve nem se mexe e que está sofrendo desnecessariamente.
Charlie tem uma forma de doença mitocondrial que causa o enfraquecimento progressivo dos músculos e danos cerebrais.
O caso despertou grande interesse no Reino Unido, e seus pais, Chris Gard e Connie Yates, abriram uma campanha de arrecadação de fundos que atingiu 1,2 milhão de libras, necessários para levar a criança aos EUA, graças às doações de mais de 80 mil pessoas.
Não é a primeira vez que um juiz inglês autoriza médicos a desligar o suporte vital a um bebê contra a opinião dos pais. Uma decisão ocorreu em 2015 com uma menina que sofreu danos cerebrais irreversíveis ao ficar sem oxigênio durante o parto, realizado em um carro.