Janeiro é o mês da pandemia com mais mortes e casos por Covid-19 em Minas Gerais
Janeiro de 2021 foi o mês com o maior registro de mortes causadas pelo novo coronavírus Sars-Cov-2 em Minas Gerais desde o início da pandemia, em março do ano passado. Nos 31 dias deste mês, morreram 3.158 pessoas residentes em território mineiro, de acordo com os boletins da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A média é de uma morte de Covid-19 a cada 15 minutos.
Entre dezembro e janeiro, as mortes cresceram 69,6%, já que no mês passado haviam sido registrados 1.861 óbitos. Até então, o mês com mais mortes era agosto do ano passado, com 2.566. O total em janeiro é, portanto, 23% maior do que o recorde anterior.
O primeiro mês de 2021 também foi o que registrou mais casos novos da doença, com 191.577 infectados em Minas. Em dezembro do ano passado, haviam sido confirmadas 126.574 novas contaminações – um aumento de 51,3%.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), divulgou um vídeo pelo Instagram, neste domingo, pedindo reforço nas medidas de prevenção à doença. “A pandemia não acabou, mesmo após o início da vacinação, todos nós precisamos manter a prevenção. Vamos respeitar o distanciamento, evitarmos aglomerações, usarmos máscaras e higienizarmos as mãos com água e sabão ou álcool em gel. Quanto mais medidas de proteção nos seguirmos, mais rápido vamos vencer esse vírus” disse o governador.
Ao todo, o Estado chegou a 734.486 casos de coronavírus e 15.060 mortes, segundo boletim deste domingo (31). Desse total, 62.514 pessoas estão em acompanhamento e 656.912 já se recuperaram.
Somente nas últimas 24 horas foram 4.518 infectados e 121 óbitos. A maioria dos mortos, 80%, têm mais de 60 anos e 73% outras comorbidades associadas ao novo coronavírus.
Cansaço e ferias motivaram alta
Para o infectologista Leandro Curi, o motivo do “boom” de casos em janeiro é a junção da quebra dos protocolos sanitários e as festas que ocorrem no fim de 2020. “As pessoas estão cansadas, o ser humano está relaxando. Muitas pessoas pegaram e ficaram assintomáticas, outras tiveram poucos sintomas. No entanto, o vírus continua da mesma maneira”, explicou.
O especialista acredita ainda que as notícias fake news relacionadas aos remédios ineficazes para o tratamento da doença e as orientações confusas dos políticos concorreram para o relaxamento da população. “Várias lideranças falando de maneira desconexa sobre abrir ou fechar (comércios), e as notícias falsas contribuem. Desse modo, estamos dando munição para o vírus”, alertou.
E as perspectivas?
A um dia da reabertura do comércio da capital mineira, anunciada nesta sexta-feira (29) pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), Curi não acredita em uma queda no número de infecções. “Não acredito que a população vai cooperar. O aumento no número de casos mostra isso”, avisou. O feriado de carnaval, que não foi suspenso em muitas empresas, é outra oportunidade para viagens. “Cada mês, há uma novidade. E ainda não sabemos como será a transmissão da nova cepa encontrada em Manaus”, acrescenta Curi.
“Tem que doer na carne”
Fernando Luiz Esteves, de 47 anos, perdeu o pai, Mário Esteves, de 81, para a Covid-19 em junho do ano passado. Ele vê os desrespeitos com relação aos protocolos de saúde como irresponsabilidade.
“Isso acontece porque quem desrespeita (os protocolos) não perderam alguém da família. A gente teve todo o cuidado. Meu pai só saiu de casa duas vezes. Na primeira ele foi ao hospital e voltou, e na segunda ele não voltou. Os jovens continuam indo em festas porque acham que são imunes”, lamenta.
A mãe de Esteves também teve a doença. Elza de Oliveira, de 78 anos, ficou 20 dias hospitalizada. Nesse período, o marido adoeceu. Quando Elza teve alta, o companheiro já havia falecido, cinco dias antes. “Levamos minha mãe para o interior. Eles falam que não ‘pega’ de novo, mas vai saber”, finalizou Esteves.
Com informações do jornal O TEMPO