Polícia matou quase 800 pessoas no estado do Rio de Janeiro em nove meses

Polícia matou quase 800 pessoas no estado do Rio de Janeiro em nove meses

A polícia matou 797 pessoas no estado do Rio de Janeiro nos últimos nove meses, como demonstra um relatório elaborado pelo Geni, um grupo de investigação da Universidade Federal Fluminense. As operações policiais nas favelas continuam a ocorrer com grande regularidade, apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido que deviam parar durante a pandemia.

Das 797 mortes registradas no estado do Rio de Janeiro entre junho de 2020 e março de 2021, 85% verificaram-se na cidade do Rio de Janeiro e na  região metropolitana.

A decisão do STF de suspender as incursões da polícia nas favelas do estado surgiu após a onda de revolta gerada pela morte de um adolescente de 14 anos, João Pedro Matos Pinto, que foi baleado nas costas pela polícia.

Após a decisão do STF, entre junho e setembro do ano passado, as operações policiais caíram 64% quando comparado com a média do mesmo período nos últimos anos. Mas a partir de outubro foram retomadas em força, um mês depois de Cláudio Castro ter assumido de forma interina o cargo de governador do Rio de Janeiro.

Em outubro, as operações da polícia rapidamente duplicaram para 38, quando comparado com o mês anterior. Nos meses seguintes, as comunidades da Grande Rio reportaram uma média de quase uma incursão policial por dia.

“É absurdo. O Supremo toma uma decisão, e as autoridades políticas não a respeitam, violam deliberadamente. Isto é um risco para o Estado de Direito no Brasil”, frisou Daniel Hirata, um dos autores do relatório e professor de Sociologia  na Universidade Federal Fluminense.

Na última sexta-feira, o STF começou um período de dois dias de audições públicas sobre as operações policiais. O objetivo do Supremo passa por conceber um novo plano para reduzir as mortes cometidas pela polícia e as violações de direitos humanos.

A polícia do estado do Rio de Janeiro mata, por ano, quase o dobro das pessoas do que a polícia nos Estados Unidos. A maioria das vítimas são negros.

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