Operação Katharsis III cumpre mandados criminosos em Minas e Espírito Santo
Polícias Militar e Penal de Minas Gerais e do Espírito Santo realizaram na quinta-feira, 14 de dezembro, a terceira fase da Operação Katharsis, em combate ao crime organizado praticado por grupos atuantes nas zonas urbana e rural de Aimorés e região, incluindo ramificações no estado do Espírito Santo. Os grupos atuam no tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo, homicídios, lavagem de dinheiro e outros delitos.
Em sua terceira fase, a Operação Katharsis (que significa purificação em Grego), mirou 20 alvos de prisão preventiva e 21 alvos de busca e apreensão domiciliar, além de outras medidas, tais como decretação de bloqueio ou indisponibilidade de bens e valores e afastamento de sigilos bancário e fiscal.
Em cumprimento às ordens expedidas pelo Juízo de Aimorés, as diligências foram executadas em cidades mineiras e capixabas – Aimorés, Governador Valadares, Belo Horizonte, Baixo Guandu (ES) e Cariacica (ES).
A operação resultou, até o final da manhã desta quinta-feira, em quatro prisões em flagrante – três em Aimorés e uma em Governador Valadares, além da apreensão de três armas de fogo, munições, tabletes de cocaína e maconha, 22 celulares e R$29.063,00.
A operação foi realizada em continuidade às primeiras fases, realizada em outubro de 2019 (Katharsis I) e outubro de 2022 (Katharsis II), as quais visaram, originariamente, ao desmantelamento do crime organizado voltado para a prática do tráfico de drogas em Aimorés e região.
Após a deflagração das fases anteriores, outros sujeitos emergiram dentro dos agrupamentos criminosos, notadamente do autodenominado “Primeiro Comando do Betel”, com papel de maior destaque, a fim de garantir a manutenção da atividade ilícita.
Ao mesmo tempo, a partir do enfraquecimento de outros grupos antes dominantes, despontou a existência de associação criminosa formada por dezenas de pessoas, as quais dividem entre si atribuições como distribuidores/fornecedores, transportadores e vendedores de drogas ilícitas, bem como de financiadores da atividade de traficância, notadamente em Aimorés e Baixo Guandu, com participação de adolescente e emprego de arma de fogo.
Dentre os alvos da operação suspeitos de financiar a traficância estão indivíduos ligados/envolvidos com agiotagem, a exemplo do homem recentemente condenado a 12 anos de reclusão e 36 anos de detenção, por agiotagem e por apropriação de benefícios devidos a pessoas idosas e/ou portadoras de deficiência.
POCRANE
Também se apurou que compunham a referida associação criminosa indivíduos identificados como autores do homicídio de Luquele Dias de Paula (à época residente em Aimorés), fato ocorrido em setembro de 2022, em Pocrane (MG), em episódio caracterizado pela extrema violência e brutalidade com que agiram os agentes criminosos, tendo um deles sido pronunciado e o outro já condenado, pela prática desse delito, a 18 anos de prisão.
No pedido realizado pelo Ministério Público verificou-se que as provas reunidas durante a atual investigação demonstraram “a capacidade de contínua regeneração dos agrupamentos criminosos atuantes na localidade, a prossecução da atividade delituosa por suas formações ‘regeneradas/reordenadas’ e a correlata necessidade de atuação estatal, mediante a aplicação de medidas visando a reprimir os ilícitos penais perpetrados e evitar a ocorrência de novos”, o que ensejou a necessidade de instauração de uma nova fase da “Katharsis”, deflagrada nesta data.
A partir dessa nova fase da “Katharsis”, busca-se a condenação, a princípio, de mais 20 pessoas, por integrarem grupos criminosos atuantes nesta comarca e região, bem como pela prática dos crimes de tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo e lavagem de dinheiro.
Com isso, reunidas as Operações Katharsis, em todas as suas fases, foram denunciadas até o momento 83 pessoas.
CONDENAÇÕES
Em resultado da Operação Katharsis I, a Justiça condenou, em agosto de 2023, quatro pessoas a penas de reclusão que ultrapassam o total de 57 anos, em regime inicialmente fechado, por integrarem o autodenominado “Primeiro Comando do Betel”.
Em resultado da Katharsis II, a Justiça condenou, em novembro de 2023, sete pessoas a penas de reclusão que ultrapassam o total de 80 anos, em regime inicialmente fechado, e ao pagamento de 5.600 dias-multa, bem como decretou a perda de um automóvel apreendido, também por integrarem o dito grupo criminoso.