Homem é preso suspeito de envenenar companheira com cerveja contaminada
Um homem de 42 anos foi preso nesta segunda-feira (19) suspeito de tentar matar a própria esposa, uma mulher de 37 anos, envenenada em Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele teria colocado a substância dietilenoglicol, a mesma do caso Backer, em um copo de cerveja para a vítima beber.
O fato só foi descoberto após o homem ir até à polícia confessar o crime. Segundo a delegada Lígia Mantovani, que está à frente das investigações, o produto, que é anticongelante, incolor e com gosto adocicado, foi adquirido através de um site de vendas pelo valor de R$ 35, 200 ml – seu consumo pode causar destruição dos rins e alterações neurológicas.
“Ele contou à polícia que comprou a substância no dia 15 de fevereiro, e teria chegado à sua residência no dia 17 daquele mês. Até então, ele teria aguardado apenas o momento oportuno para fornecer essa substância para a esposa. No dia 11 de abril, o autor colocou a substância no copo de cerveja da vítima e ofereceu a bebida contaminada e, logo após, passou muito mal”, explicou.
Conforme o boletim de ocorrência, o caso aconteceu no bairro João Paulo II. No dia 13, a mulher foi levada ao hospital Santa Terezinha, em Mateus Leme, onde após ser atendida, foi transferida para o hospital São José, em Contagem, também na Grande BH.
Após piora no estado de saúde, no último sábado (17) ela foi encaminhada ao hospital Vera Cruz, no Barro Preto, região Centro-Sul da capital, onde desde então está internada em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Entrega
Além de procurar a polícia, o homem também informou o hospital onde a companheira está internada o que aconteceu. “Dizendo-se arrependido, o autor procurou as autoridades e relatou o fato. Ele também fez contato com uma atendente do hospital onde a vítima está internada dizendo qual era o motivo para ela estar naquele estado. Ele contou que envenenou a esposa”, explicou a delegada.
A motivação do crime teria sido problemas vividos pelo casal. “Eles são casados há 19 anos e têm dois filhos em comum (8 e 17 anos). O autor alega que o motivo desse envenenamento foi em razão de desavenças, brigas conjugais, traições que teriam acontecido no passado e problemas financeiros. Ele foi ouvido na delegacia de polícia, onde confessou que tinha a intenção de tirar a vida dela”, completou Lígia.
De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o investigado não tem passagens pela polícia, assim como não havia ocorrências em relação a atritos entre os envolvidos. Ele foi preso preventivamente e encaminhado ao sistema prisional.
Os filhos, que são menores de idade, estão sob os cuidados de parentes próximos. Segundo uma enteada do homem que também foi ouvida pela PCMG, ele é uma pessoa considerada fria, calculista e que não tinha carinho com a mãe dela.
As investigações continuam. Também será apurado se empresa que vendeu o produto, localizada na cidade de São Mateus, interior de São Paulo, cometeu alguma ilegalidade. Caso o rapaz seja condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão por homicídio tentado, e a pena pode ser aumentada se for constatado tentativa de feminicídio e/ou se a vítima vier a óbito.
Relembre
O caso Backer veio à tona em janeiro do ano passado, quando diversas pessoas passaram mal após consumirem cervejas da empresa. A intoxicação pelas substâncias químicas monoetilenoglicol e dietilenoglicol atingiu litros de cerveja ainda em processo de fermentação. Dez pessoas morreram e pelo menos outras 16 sofreram lesões gravíssimas.
A PCMG indiciou onze funcionários da companhia por homicídio e lesão culposos (sem a intenção de matar) e pela contaminação de produtos alimentícios. Segundo a investigação, vazamentos em equipamentos e o uso de substâncias tóxicas que não deveriam ser empregadas causaram a contaminação de diversos lotes de diferentes tipos de cerveja produzidos pela empresa.
Fonte: jornal O TEMPO