Estado Islâmico ataca prisão na Síria, e curdos reagem e matam 39 combatentes
Um confronto entre forças de segurança curdas na Síria e membros do grupo terrorista Estado Islâmico já deixou quase 50 mortos até o começo da tarde desta sexta-feira (21), provocando a suspeita de ataques coordenados após um atentado que matou 11 militares no vizinho Iraque.
Nesta sexta, os curdos reagiram e, até agora, já mataram 39 combatentes do Estado Islâmico, segundo contagem do Observatório Sírio de Direitos Humanos. As autoridades curdas afirmam terem prendido 89 membros do grupo terrorista. Segundo uma testemunha, aviões de guerra da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos sobrevoam a área -a FDS é apoiada pelos americanos.
Segundo a FDS, houve novas tentativas de fuga nesta sexta. “Nossas forças cercaram grandes grupos de combatentes que tentaram escapar”, relataram as forças, sem dar detalhes sobre mortos em suas fileiras.
Embora o Estado Islâmico tenha sido expulso da maior parte do território que detinha na Síria anos atrás, suas células continuam promovendo ataques em áreas controladas pelas FDS e pelo governo sírio. Este foi o segundo ataque desde dezembro a uma prisão para liberar combatentes e, segundo os curdos, é o atentado mais sangrento desde que o grupo foi derrotado em seu último reduto, no leste do país, em 2019.
Há suspeitas de que o ataque ao presídio faça parte de uma ação coordenada do Estado Islâmico, que também atingiu alvos em Deir al-Zor, no leste do país, e uma base militar no vizinho Iraque, na província de Diyala, que matou 11 soldados -o grupo reivindicou a responsabilidade em canais no aplicativo Telegram.
O ataque em solo iraquiano ocorreu por volta das 20h30 (no horário de Brasília) de quinta. O governador de Diyala, Muthanna al Tamimi, confirmou o número de mortos à agência de notícias iraquiana INA e afirmou que “os terroristas se aproveitaram do frio e da negligência dos soldados”. O chefe local do Executivo jogou a responsabilidade sobre os mortos e disse que “a base é fortificada, há uma câmera térmica, dispositivos de visão noturna e uma torre de vigia de concreto”.
O Estado Islâmico ganhou força no Iraque e na Síria em 2014, tomando grandes partes destes territórios e autoproclamando seu “califado”, que foi derrotado no final de 2017. Os jihadistas continuam sendo, porém, uma ameaça e lançam ataques contra os habitantes dessas áreas e forças de segurança, especialmente na região de Kirkuk e nas províncias de Salaheddin e Diyala.
A organização terrorista “mantém uma presença clandestina no Iraque e na Síria e realiza uma insurgência sustentada em ambos os lados da fronteira”, segundo um relatório da ONU publicado no ano passado. Nesses dois países, o grupo teria cerca de 10 mil combatentes ativos, informa o documento.
“O EI está tentando reorganizar suas tropas e suas atividades no Iraque”, afirma o analista iraquiano Imed Alau, que destaca “a má formação das forças de segurança, a falta de acompanhamento das autoridades, o descumprimento de instruções e as baixas temperaturas” que facilitam as ofensivas dos terroristas.
No início de setembro, 13 membros da Polícia Federal iraquiana foram mortos num ataque do grupo contra um posto de controle perto de Kirkuk. O último grande atentado reivindicado pelos jihadistas no país havia acontecido em julho de 2021, contra um mercado em uma área xiita de Sadr City, em Bagdá. Cerca de 30 pessoas morreram em uma explosão de bomba.
Ajuda os terroristas o fato de as forças iraquianas já não terem mais o apoio militar da coalizão internacional antijihadista liderada pelos EUA. Então composta de 3.500 soldados, incluindo 2.500 americanos, a coalizão encerrou sua “missão de combate” no ano passado e agora está limitada a um serviço de assessoria no país.