Caso Ian: Justiça apura conversa ilegal entre pai e madrasta na prisão

O pequeno Ian abraçado aos seus irmãos, de 7 e 6 anos - Foto: ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO

Ouvidos pela 1ª vez pela Justiça na última terça-feira (9 de maio), o pai e a madrasta que são acusados de matar o pequeno Ian Henrique, menino de 2 anos que morreu em janeiro após sofrer agressões no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte, teriam se comunicado ilegalmente na cadeia. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (10) pelo Fórum Lafayette, após uma audiência de instrução que durou quase 12h.

Ainda de acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) fez a solicitação para que uma nova audiência seja realizada e outras testemunhas sejam ouvidas. “A Justiça determinou que os estabelecimentos prisionais informem a lista de pessoas que visitaram os acusados para apurar denúncia de comunicação clandestina entre os dois”, detalhou o Fórum.

Iniciada na tarde de terça sob protestos da família do garotinho, a primeira audiência só acabou por volta de 1h30. O advogado da mãe de Ian, Fabrício Cassanjo, convocou uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta para falar sobre o caso. “A madras trouxe um novo relato que alterou completamente o fluxo do processo”, adiantou o profissional.

O pai da criança, de 31 anos, e a mulher dele, de 34, estão presos desde janeiro deste ano. Eles respondem por maus-tratos após inquérito da Polícia Civil concluir que a madrasta golpeou Ian pelas costas com algum objeto contundente – que pode ter sido um pedaço de madeira, uma panela ou uma barra – levando-o à morte. O ataque teria ferido o crânio da criança, iniciando pela nuca e chegando até o centro da cabeça.

Relembre o caso

No domingo (10/1), a criança chegou em um primeiro hospital, em situação gravíssima, e acabou sendo transferida para a outra unidade, onde sofreu duas paradas cardíacas. Na unidade de saúde, os médicos desconfiaram da versão do pai, de 31 anos, e da madrasta, de 34, e acionaram a Polícia Militar (PM).

De acordo com o boletim de ocorrência registrado no Hospital Risoleta Neves, a criança chegou com lesão na boca, na cabeça e na testa. A mão esquerda do garotinho estava torta e as pernas estavam duras. Foi assim que o pai disse ter encontrado o filho de madrugada, quando chegou do trabalho. Ele tentou abrir os olhos da criança, que não respondia, apenas gemia de dor.

Enquanto era transferido para o João XXIII, Ian sofreu uma parada cardíaca de quase 15 minutos e, ao chegar no HPS, sofreu outra parada de 10 minutos. O boletim de ocorrência aponta que, no João XXIII, a equipe médica constatou lesão não visível por toda parte anterior da cabeça, escoriações no queixo, além de edema na testa. Segundo a versão do pai da criança, ele estava em casa no sábado, quando decidiu sair para cortar o cabelo.

Ao chegar no salão, a companheira dele ligou e disse que Ian havia caído e, por isso, o médico indicou ibuprofeno, já que o menino reclamava de dor. Ele chegou em casa no fim da tarde, viu o filho e não reparou anormalidades.

Eles brincaram e o pai deu um banho no garotinho. Mais tarde, ele saiu para trabalhar, chegou a receber uma mensagem de áudio da namorada pouco depois das 0h, mas não conseguiu ouvir e, quando chegou em casa, já viu o filho inconsciente no sofá. Ele questionou a companheira, que teria se assustado, porque, segundo ela, o menino foi dormir com ela na cama.

Na versão da mulher, durante o almoço, uma panela caiu e derrubou frango com quiabo no chão, o que deixou o piso escorregadio. No início da tarde, ela estava no quarto quando ouviu um barulho alto, mas não foi ver o que ocorreu. Em seguida, ela alega ter escutado outro estrondo, e a criança chorou e pediu colo.

A madrasta alegou aos policiais que fez o menino dormir durante a tarde, assim como com a filha dela, e saiu com o companheiro, deixando as duas crianças sozinhas em casa. Quando chegou, a menina já estava acordada, enquanto o enteado ainda dormia. Durante a madrugada, ela relatou que o menino vomitou algumas vezes, mas deu banho nele e voltou a fazer ele dormir.

Aos policiais, a mãe do menino afirmou que o filho já voltou da casa do pai machucado outras vezes e, na última, teve sangramento no ouvido.

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Em meio a muitas lágrimas, a tia de Ian, Daiane Araújo, contou que a família está “acabada, destruída”.  “Acabou com a minha família. Não tem condições de falar. A única coisa que a gente quer é justiça”, disse ela.

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O inquérito ouviu 15 pessoas e realizou diversas diligências. O documento desqualifica a versão de que o garoto tenha sido vítima de um acidente. Entre os resultados, a Polícia declarou que Bruna, madrasta de Ian, de 34 anos, golpeou o menino pelas costas com algum objeto contundente, que pode ter sido um pedaço de madeira, uma panela ou uma barra de tal. O ataque feriu o crânio da criança, iniciando pela nuca e chegando até o centro da cabeça.

Fonte:  O tempo

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