Carne de frango produzida em laboratório na UFMG pode ser o futuro da alimentação
Usando células-tronco do tecido muscular de galinhas, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) criaram, em apenas duas semanas, carne de frango em laboratório.
Segundo a pesquisadora Erika Cristina Jorge, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, o processo de “produção” da carne ocorre sem alteração genética das células do animal. “Quando fazemos academia, pensando na hipertrofia muscular, ou quando nos machucamos, os músculos se proliferam por meio de regeneração. O método que desenvolvemos baseia-se nessa lógica, ou seja, usamos a capacidade natural das células musculares para gerar um novo tecido”, explicou a cientista.
A proliferação das células musculares só foi possível graças a um biomaterial desenvolvido no Cefet-MG. Sem ele, não há formação da estrutura da carne.
Apesar de a produção ter sido feita em laboratório, o estudo abre caminho para o cultivo de carne em larga escala para consumo. “Nossa intenção é desenvolver um alimento que possa ser consumido por pessoas que queiram ingerir proteína de origem animal não resultantes de abate, de desmatamento e da exploração irracional de recursos naturais”, afirmou Erika Jorge.
Apesar de considerada segura para a alimentação humana, a carne cultivada em laboratório na UFMG ainda deve demorar para chegar ao mercado, já que o consumo desse tipo de produto ainda não é regulamentado no Brasil.
Outras aplicações
Além de servir de alimento, o cultivo de carne em laboratório pode ter outras aplicações, como a geração de tecido humano para uso como enxerto e para substituição de animais nos testes de remédios.
Para pessoas que sofreram acidentes ou lesões graves, que não permitem a regeneração da parte afetada, a carne cultivada a partir das células do próprio paciente pode ser uma alternativa.
(*) Com portal da UFMG.